Imagem capa - Exposições por Lisette Revoredo Guerra

Exposições

Mulheres de Trinta a Quarenta Graus


A mulher, assim como a lua, tem várias fases. Acho que, a um dado momento, passamos da fase crescente para a fase cheia - uma certa plenitude nos envolve, uma coisa assim meio "sou capaz de tudo". Não somos capazes de tudo, isso é certo - mas somos capazes de muita, muita coisa.

Mulheres exercem vários papéis ao mesmo tempo, somos mães, esposas, donas de casa, filhas, profissionais competentes e em ascensão. Assumimos estes papéis todos e o palco é ainda novo para nós. Na década de 60, estávamos tentando escapar das regras, na década de 70, quebramos todas as regras e ainda queimamos nossos sutiãs. Quarenta anos depois, nós, mulheres, nos descobrimos mais inteiras - cheias como a lua no céu, capazes de assumir tarefas antes inimagináveis, sem nunca perdermos o nosso olhar amoroso, a nossa capacidade de doação, a nossa delicadeza.
Acho também que, depois dos 30 e poucos anos, aprendemos a nos descobrir pelos nossos próprios olhos e vivemos a epifania da auto-revelação. Essa madureza interior é a grande dávida que o tempo nos dá - brindemos a ela.


Leticia Wierzchowski




Brasil à Flor da Pele


A Lisette trabalha com as superfícies do humano, com as suas roupas e artifícios e com a sua vestimenta mais reveladora, que é a própria pele. Em inglês se diz que a beleza é skin deep, tem só a profundidade da pele, mas a Lisette subverte isso e faz com o superficial uma proposta profunda. O exterior nem sempre reflete a qualidade interior mas a beleza, mesmo a beleza dos outros, reflete uma qualidade da espécie, um bom-gosto natural que nos une, um ideal que nos congraça (com graça). Quase todos os modelos desta mostra são manequins ou modelos profissionais mas aqui eles substituem o apelo utilitário da moda e da propaganda pelo simples prazer de serem vistos sendo apenas gente bonita. A pele em flor. Superfícies. Mas você pode quase sentir o calor.


Luis Fernando Verissimo